segunda-feira, 16 de abril de 2012

Como é o trabalho?

Bom, para os colegas que nunca trabalharam com educação, este pode ser um post bem interessante, já que, afinal, é isto que viemos fazer, e é importante estarmos à vontade com o exercício do cargo. O papel do assistente de língua estrangeira é de auxiliar os alunos, antes de tudo na oralização do que é trabalhado pelo professor. Logo você vai se ver como um professor auxiliar de conversação.

Cada professor ou referente trabalha de um jeito diferente: alguns vão te dar toneladas de idéias ou temas pra você desenvolver em casa, ou, em determinados momentos, vão te pedir para que você confronte os alunos em argumentações sobre um determinado tema, alguns professores improvisam, outros são extremamente cartesianos - é importante se adaptar ao estilo do colega para que você tenha o máximo de produtividade.

Além disso, observamos de cara as diferenças do ensino francês e do brasileiro, já que o nível de proximidade entre os professores e alunos é mais "profissional". Ao contrário da nossa experiência, onde chamamos os mestres pelo primeiro nome e temos todo mundo no facebook, aqui é senhor professor (monsieur le professeur) e ache bom! Na minha experiência como assistente também reparei que os alunos são mais tímidos e falam menos (fazem menos bagunça) que a gente (os brasileiros) e o controle disciplinar nas escolas tem umas estratégias bem rígidas.

Os alunos não podem entrar na sala de aula antes do professor chegar, então eles fazem fila e esperam o professor chegar, além disso, qualquer problema de atraso ou indisciplina, cada aluno tem um cahier de correspondance, é como um caderninho de comunicação entre o professor e os pais pra ajudar no contato e também controlar os deveres e faltas do aluno, assim como dar avisos (como ausências do professor) aos pais.

Caso você fique sozinho com um grupo de alunos para trabalhar com eles, exija sempre ter o caderno de correspondência visível, e caso eles se recusem, anote os nomes e entregue para o professor referente. Como, em geral, somos jovens estudantes meio estabanados, alguns espertinhos aproveitam e montam em cima dos assistentes. Você vai escutar um ou dois palavrões em crioulo, bushinangê ou outra língua que eles imaginam que não esteja ao seu conhecimento. Mas a vida na educação é educar os mal-educados também.

Porém, para o nosso padrão de mal-educado, os alunos aqui, ao meu ver, não são complicados. Nada se compara aos alunos que temos no ensino público brasileiro, infelizmente, mas tenha pulso firme. Eles são mais discretos, mas igualmente perigosos! Principalmente quando estão em grupinhos.

Outra coisa é que eles morrem de medo de falar. Não sei se é um traço cultural, mas eles simplesmente não falam, às vezes. Seja criativo, divertido, use mídias, música, tudo o que estiver ao seu alcance para descontrai-los e remover a sensação de que eles não tem direito de errar. Se eles não erram, não falam, e se não falam não aprendem.

Para terminar, como assistente, podem te pedir para fazer horas-extras nos estabelecimentos, seja pra dar reforço em português ou em outra matéria que você domine, pra isso, vá nas diretorias e diga o que você sabe ou quer fazer. E se conseguir horas-extras, sinalize ao rectorat para que possam entrar com o procedimento pra que você receba seus extras direitinho.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

L'eau qui tombe

Chegamos enfim à páscoa! Manhã chuvosíssima aqui na paragem em que moro. Como é molhada nossa Guiana!

domingo, 1 de abril de 2012

C'est parti

Chegada na Guyane
Primeiro é necessário dizer, quando soube que viria para Guyane Française, eu realmente fiquei muito feliz. "Nossa oportunidade única de fazer um estágio em outro país" esse tipo de reflexão que temos quando nós deparamos com o novo e o desconhecido.

Depois desse primeiro impacto, a curiosidade para saber em qual cidade iria trabalhar, Kourou ou Cayenne. Em todo caso ni l'un ni l'autre,o medo me invadiu quando recebi um e-mail do meu referente na Guyane, dizendo-me que iria trabalhar au Collège à Javouhey et au Lycée Polyvalent à Mana. No mesmo instante, lancei-me no Google Earth para conhecer a posição exata dessas cidades. Eis que então soube que iria para o Oeste Guianês. http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl, devo confessar que não achei muito coisa na pesquisa que fiz na internet em relação as duas cidades, tal constatação só fez aumentar minha mistura de ansiedade e de medo.

Me despeço de Belém no dia 7 de novembro 2011.




Au revoir ma minature de Paris en Amazonie!

De Belém até Cayenne só o que vi foi água e floresta. Foi nesse exato momento que percebi que não iria para um lugar aussi différent de ma ville, ao menos em relação ao clima quente-úmido da minha querida Belém.

Enfim Cayenne!

No caminho do aeroporto até o centro da cidade, não queria perdeu um só detalhe, casas, carros, pessoas até aí tudo muito parecido. Mas onde estão les gratte-ciel? ok é pedir demais. Então onde estão os prédios de 20, 24 andares? aucun signe. Sauf un! Existe um prédio no centro de cayenne ao lado dos Bombeiros que deve ter uns 15 andares, se não me engano. Isso mesmo meus amigos, começamos por aí a sentir as diferenças existente entre os dois países, além disso, como bem disse o Ramir, o transporte público quase inexistente que eu até agora não consegui entender muito bem.
Passei duas belas semanas nessa cidade antes ir para Saint-Laurent du Maroni. Sim, sim, meu referente mora nessa cidade, marcamos nosso encontro lá. Saint-laurent du Maroni, capital do oeste guianês, maior cidade dessas paragens, fronteira com o Suriname. Pegamos a rodovia RN1 o único eixo rodoviário que liga Cayenne ao oeste guianês 275 km de distância mais ou menos 3 horas de estrada, durante quase todo percursor não vemos que a floresta Amazônica, fiquei bastante impressionada, eu que achava que morava no pulmão do mundo, chegando aqui mudei completamente meu ponto de vista, senti-me realmente abraçada pela imensidão verde. MAGNIFIQUE.



Do outro lado é Albina - Suriname/ O Rio que separa os dois países se chama Maroni

Se em Cayenne as diferenças já são notáveis em St. Laurent du Maroni as mesmas são escandalosas. Sobretudo quando começamos a nós familiarizar com os termos Hmong, Bushinengué, Chinois, Créole, Antillais, Métropolitain vulgo métro são os brancos etc. C'est pas évident de entender esse mosaico de etnias se eu posso chamar assim, é preciso antes de tudo entender um pouco a historia da Guyane e do Suriname. Falarei disso em um próximo tópico.

Antes de finalizar o relato da minha chegada na Guyane, deparei-me com um problema de logística, visto que, iria trabalhar nas duas cidades mencionadas acima, logo dependeria de meus colegas para me levar ao trabalho, como os mesmo moram em St. Laurent, pareceu-me razoável me instalar na mesma cidade, para facilitar minha vida por aqui. Diferentemente de meus colegas assistentes não posso ir de bicicleta para o trabalho(ao menos que eu queria me tornar uma velocista), pareceu-me uma tarefa humanamente impossível devido as grandes distâncias entre as cidades. Sobretudo pela falta total de transporte público no oeste guianês, digo bem, completamente inexistente dans mon coin de pays.

Depois de um certo desespero no começo, diria que estou acostumada com o ritmo de vida por aqui, sem muita coisa pra fazer, não muito diferente de Cayenne ou Kourou. No entanto se procurarmos bem até que podemos encontrar algumas atividades para se distrair. Ah La vie en Guyane!